sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Aula de Português – Concordância verbal

Henrique Nuno

Concordância verbal – é a concordância do verbo com o sujeito.

Regra geral – o verbo concorda com o sujeito em número e pessoa.
Fomos ao mercado.
Homens trabalham.
Faltou um aluno.
Faltaram dois alunos.


Sujeito composto:

01.Sujeito composto antes do verbo – o verbo vai para o plural.
Marido e mulher fizeram uma viagem.
02. Sujeito composto depois do verbo – o verbo vai para o plural. (concordância gramatical)
Passeavam o pai e o filho.

Obs.: Com sujeito composto depois do verbo, admite-se a concordância com o núcleo mais próximo. (concordância atrativa)
Passeava o pai e o filho.
Passeaste tu e ele.

03. Sujeito composto com pessoas diferentes – o verbo vai para o plural da pessoa que prevalece.
Minha irmã e eu visitamos um castelo medieval.

Observações:

1. A l.ª pessoa prevalece sobre a 2.ª e a 3.ª. A 2.ª pessoa prevalece sobre a 3.ª.
Eu e tu (= nós) viajaremos.
Tu e eles (= vós) viajareis.

2. Para alguns gramáticos, quando o sujeito composto é formado pelo pronome tu mais vós ou eles, é possível usar a 3.ª pessoa do plural.
Tu e ele ireis (ou irão) ao teatro.
04. Sujeito composto resumido por um termo (tudo, nada, ninguém, isso, isto, nenhum) – o verbo fica no singular.
Ministros, deputados, ninguém se entende.
A família, o trabalho, os amigos, tudo ficou para trás.

05. Sujeito composto ligado por ou:
a) O verbo fica no singular, se houver exclusão. (ou= um ou outro)
Ou o Maracanã ou o Morumbi será local do jogo.
b) Se não houver exclusão, o verbo vai para o plural. (ou = ambos)
Ou Lisboa ou Roma são bons locais para passar as férias.
c) Se houver retificação de número, o verbo concordará com o mais próximo.
O menino ou os meninos brincarão.
Os meninos ou o menino brincará.

d) Se o sujeito composto ligado por ou for formado por sinônimos, o verbo fica no singular.
A tranqüilidade ou serenidade é importante.
e) Se o sujeito composto ligado por ou for formado por antônimos, o verbo vai para o plural.
A alegria ou a tristeza fazem parte da vida.

06. Sujeito composto ligado por nem:

a) Se houver exclusão, o verbo fica no singular. (nem = nenhum)
Nem Rodrigo nem Roberto será o primeiro da turma.
b) Se não houver idéia de exclusão, o verbo vai para o plural. (nem = ambos)
Nem a Argentina nem o Brasil jogaram bem.
07. Sujeito composto ligado por nem um nem outro, um ou outro, o verbo fica no singular.
Nem um nem outro é bom.
Um ou outro trabalhará no domingo.


Observação:
“Não é rara, porém, a construção com o verbo no plural quando as expressões se empregam como pronome substantivo.” (Celso Cunha).
Nem um nem outro desejavam questionar.
08. Sujeito composto por com – o verbo vai para o plural.
O pai com os filhos organizaram a festa.

Observação:

Quando se quer evidenciar a importância do primeiro termo do sujeito composto, o verbo fica no singular.
Cabral, com seus marinheiros, chegou ao Brasil em 1500.

09. Sujeito composto ligado por não só...mas também, tanto comotanto...quanto, etc., o verbo geralmente vai para o plural.
Não só a mãe, mas também os filhos receberam presentes.

10. Sujeito composto de sinônimos ou de palavras em gradação, o verbo geralmente fica no singular, podendo ir para o plural.
Um sorriso, uma aproximação, uma palavra deixava-o feliz. (deixavam-no feliz)
Sua calma e tranqüilidade seduzia. (seduziam)

11. Com a expressão um e outro, o verbo vai para o plural, mas é admissível o singular.
Um e outro trabalham. (ou trabalha)
Observação:
Segundo Celso Cunha e Lindley Cintra, “as duas construções são admissíveis ainda quando a locução é usada como pronome adjetivo, caso em que precede sempre um substantivo no singular”
Um e outro aluno trabalha. (ou trabalham)

12. Sujeito composto por infinitivo – o verbo fica no singular.
Tocar e cantar fazia-o feliz.
Obs.: Se os infinitivos forem antônimos ou vierem precedidos de determinantes, o verbo vai para o plural.
Rir e chorar fazem parte da vida.
O estudar e o trabalhar eram seu modo de vida.


Outros casos:


01. O sujeito é coletivo ou expressão partitiva no singular – o verbo fica no singular.
A multidão aplaudiu o cantor.
A manada correu em direção ao rio.
A maioria saiu.

02. O sujeito é expressão de sentido partitivo ou coletivo no singular, seguido de substantivo no plural – o verbo fica no singular ou vai para o plural.
A maioria dos alunos fez (ou fizeram) os deveres.
Grande número de trabalhadores ganha (ou ganham) pouco.

03. O sujeito é o pronome quem – o verbo fica na 3.ª pessoa do singular, concordando com ele.
Fui eu quem fez o trabalho./ Fomos nós quem fez o trabalho.
Obs.: Alguns gramáticos aceitam a concordância do pronome relativo quem com o antecedente.
Fui eu quem fiz o trabalho.

04. Sujeito é pronome relativo que – o verbo concorda com o antecedente.
Fui eu que trabalhei.
Fomos nós que trabalhamos.


05. Sujeito é pronome interrogativo ou indefinido no plural, seguido de nós ou vós – o verbo fica na 3.ª pessoa do plural ou concorda com o pronome pessoal.
Alguns de nós não tiveram (ou tivemos) sorte.
Poucos de vós venceram. (ou vencestes
).

Obs.: Se o pronome indefinido ou interroga-tivo estiver no singular, o verbo ficará na 3.ª pessoa do singular.
Algum de nós viajou?
06. Quando o sujeito é formado pela expressão mais de – o verbo concorda com o numeral.
Mais de um candidato foi aprovado.
Mais de dois foram aprovados.

Obs.: Mais de um exige o verbo no plural, quando a expressão estiver repetida, ou o verbo indicar reciprocidade.
Mais de um funcionário se cumprimentaram. (reciprocidade)
Mais de um homem, mais de uma mulher viajaram de bicicleta. (expressão repetida)

07. Com as expressões, menos de, cerca de, perto de – o verbo concorda com o numeral que acompanha essas expressões.
Cerca de vinte pessoas foram ao cinema.
Perto de cem pessoas assistiram à palestra.

08. Se o sujeito for pronome de tratamento – o verbo fica na 3.ª pessoa.
Sua Excelência viajou. / Suas Excelências viajaram.
9. Com a expressão um dos que, o verbo vai para o plural.
Lúcio foi um dos que socorreram o doente.

Obs.: 1. Alguns autores aceitam o verbo no singular, com a expressão um dos que.
Ele é um dos que viajou.

2. Se houver exclusão, a expressão um dos que leva o verbo para o singular.
Davi foi um dos meus sobrinhos que me visitou ontem.
10. Com a expressão haja vista, podemos construir as frases de três maneiras:
Haja vista os fatos recentes. (mais formal)
Haja vista aos fatos recentes.
Hajam vista os fatos recentes.
Obs.: Não existe a expressão “haja visto”.

11. Com nomes próprios no plural – o verbo concorda com o artigo.
Os Estados Unidos são um país capitalista.

Obs.: 1. Se o nome próprio não vier precedido de artigo, o verbo fica no singular.
Campinas é uma bela cidade.
2. Com obras literárias é possível a concordância ideológica.
Os Lusíadas são (ou é) um grande poema português.

12. Com nomes que só se usam no plural, se houver sentido genérico, o verbo fica no singular.
Parabéns faz bem ao íntimo.

Obs.: Se o nome vier precedido de artigo, o verbo vai para o plural.
Os parabéns fazem bem ao íntimo

13. Com a expressão cada um – o verbo fica na 3.ª pessoa do singular.
Cada um faz o que pode.

14. Com números percentuais e fracionários, o verbo concorda com o numeral.
Dez por cento da população vivem na miséria.
Um terço dos trabalhadores está desempregado.


Observações:

1. Os números percentuais admitem a concordância com o nome que lhes segue.
Dez por cento da população vive na miséria.

2. Se o número percentual vem precedido de artigo ou outro determinante, o verbo concorda com o determinante.
Os (ou estes) dez por cento da população vivem na miséria.

15. Os verbos bater, dar e soar, quando se referem a horas, concordam com o sujeito.
O relógio (ou a rádio / ou o sino) deu (bateu) dez horas. (sujeito: o relógio)
Observações:
1- Quando não está expresso na frase o elemento que deu as horas (o relógio ou equivalente), o sujeito da oração será o número de horas, com o qual o verbo deverá concordar:
Deu uma hora no relógio da igreja.
Deram duas horas.

2- É importante observar que, nos exemplos acima, a expressão no relógio da igreja não é sujeito (veja que ela vem introduzida por preposição), e sim, adjunto adverbial de lugar. (Ernani Terra, Curso Prático de Gramática)

16. O verbo viver, em orações optativas, concorda com o sujeito.
Viva o noivo!
Vivam os noivos!

17. Com sujeito oracional, o verbo fica no singular.
Bastava fazer os dois trabalhos.
Parece que os dois estão felizes.

Concordância do verbo “haver”

01. O verbo haver é pessoal quando funciona como auxiliar.
Havíamos preparado a casa para receber os amigos.

02. É impessoal (sem sujeito) quando significa existir, ou se refere a tempo passado.
No Anchite há bons alunos.
Há dois anos que não vejo meus familiares
.
03. É pessoal quando significa ter, conseguir, pretender.
Eles houveram (=conseguiram) o planejado.

Concordância do verbo “fazer”

01. É pessoal quando significa executar, realizar, produzir.
Fizemos as compras.

02. É impessoal (sem sujeito) quando indica tempo decorrido, ou se refere a fenômenos atmosféricos.
Faz (= há) dez anos que não a vejo.
Faz frio.


Concordância do verbo “existir”

O verbo existir concorda normalmente com o sujeito.
Existem muitas dúvidas sobre aquele candidato.

Concordância com o verbo “parecer”, seguido de infinitivo

O verbo parecer seguido de infinitivo pode conjugar-se de duas maneiras.

01. Flexiona-se apenas o verbo parecer.
Os homens parecem estar cansados.
02. Flexiona-se apenas o infinitivo.
Os homens parece estarem cansados.

Concordância do verbo “ser”

01. O verbo ser concorda com o sujeito quando:

a) o sujeito for nome de pessoa.
Maria era as alegrias da casa.

Obs.: Quando apenas o predicativo for nome de pessoa, o verbo ser concorda com esse nome. (predicativo)
As alegrias da casa é Maria.
b) o sujeito for pronome pessoal reto.
Ele não é várias pessoas.
Tu não és os problemas.

Obs.: Se o sujeito e o predicativo forem pronomes pessoais retos, o verbo concordará com o sujeito.
Eu não sou eles.
Nós somos ele
.

02. O verbo ser concorda com o predicativo quando:

a)o sujeito for o pronome interrogativo que ou quem.
Quem são os cantores?
Que são fagócitos?

b)o sujeito indicar quantidade, preço, peso e medida, e o predicativo vier expresso por palavras como muito, pouco, bastante, demasiado, demais, mais que, menos que, etc.
Cem reais é pouco.
Dois quilômetros é bastante.
Dois livros é mais do que suficiente.


c)o sujeito for um destes pronomes: isto, isso, aquilo, tudo, o (demonstrativo).
Tudo são flores.
Aquilo eram brincadeiras.
O que me deixa triste são as constantes brigas do meu amigo.

Obs.: São comuns as construções com o verbo no singular.
Tudo é flores.

d)o sujeito e o substantivo forem substantivos comuns, e o predicativo estiver no plural.
A vida eram dificuldades.

Obs.: Admite-se o verbo no singular para enfatizar o sujeito.
A vida era problemas.

e)houver indicação de horas, distâncias e datas.
São duas horas.
Daqui ao colégio são dois quilômetros.
São cinco de maio.
É dia cinco de maio.

f)o predicativo do sujeito for um pronome pessoal reto.
Os responsáveis somos nós.
O vencedor sou eu.

g)o sujeito for uma expressão de sentido coletivo ou partitivo.
A maioria eram jovens.
Grande parte são estudantes.


Concordância na voz passiva sintética

O verbo, na voz passiva sintética, concorda com o sujeito. (verbos transitivos diretos)
Vende-se esta casa. (sujeito: esta casa) / Vendem-se estas casas. (sujeito: estas casas)

Sujeito indeterminado pelo “se”

Quando o sujeito for indeterminado pelo índice de indeterminação do sujeito – se, o verbo fica no singular. (os verbos não são transitivos diretos.)
Precisa-se de um carro. / Precisa-se de vários carros.
Chora-se todos os dias.



Bibliografia: Reprodução integral do capítulo “Pontuação” da Gramática para concursos, de Henrique Nuno Fernandes, Editora Professores Associados.

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